Histórias que abraçam

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Você tem, ou já teve, um diário?

regianefolter.substack.com

Você tem, ou já teve, um diário?

Regiane Folter
Feb 25, 2022
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Você tem, ou já teve, um diário?

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Oi! 👋

Sabe, escrever uma newsletter é parecido a escrever em um diário. Exceto pelo fato de que espero que as pessoas leiam a newsletter, enquanto o diário é um tipo de escrita mais secreta, só pra mim.

Eu nunca fui muito de diários. Sempre pensei que era preciso ser constante, escrever todos os dias, e isso me aborrecia. Começava um, dois, três dias, no quarto já estava entediada e desistia. Preferia inventar histórias malucas, fantásticas. Mundos sonhados muito mais excitantes que a minha pacata vida real.

O engraçado de tudo isso é que, conforme crescia, fui deixando de lado as aventuras que me emocionavam de menina e passei a escrever textos cada vez mais com cara de diário.

Relatos e reflexões sobre coisas que aconteciam comigo, sentimentos, problemas, conquistas. Fui chegando à vida adulta e de repente experimentar o mundo real era mais interessante do que sonhar acordada com histórias de faz de conta.

Tenho pensado muito nisso porque comecei uma oficina de poesia e o primeiro exercício que a profe passou foi manter um diário durante essas semanas de curso. Então aqui estou.

Hoje em dia, sei que muitas boas histórias podem nascer dos diários de gente célebre como Virginia Woolf ou Carolina Maria de Jesus. Mas mesmo nos diários de pessoas comuns e desconhecidas podemos encontrar um bom drama, um romance de esquentar o sangue, algo que nos emocione. Lembranças possuem uma magia única e especial.

Tudo isso me fez refletir sobre a forma como a escrita flui em mim. Sobre o que escrevo, quando, como. Me fez perceber que escrever é um processo muito interno, uma ferramenta de auto-conhecimento. Escrevo pra me desvendar e pra não me sentir sozinha, porque o que escrevo me acompanha, ganhar forma, peso, vida. Se torna uma extensão minha.

Então escrevo, primariamente, para mim. E até aí, um diário seria o canal perfeito pra colocar essa atividade tão pessoal em prática. Mas, como qualquer escritora wannabe, eu também tenho a expectativa de ser lida, de me conectar com alguém do outro lado da página (ou da tela). Gostaria de escrever coisas que, ao serem lidas, mudem o dia de alguém pra melhor. Quero que esse diário seja compartilhado com o mundo ao invés de estar guardado a sete chaves.

Nesse caso, faz sentido que meus textos tenham tanto foco em mim, nas minhas vivências? Não será muito egocêntrico da minha parte pensar que alguém mais pode se interessar pelos meus dramas? Mas como soar real se escrever sobre o que não sei ou não vivi? Não é forçar a barra tentar falar de temas que não conheço, só pra tentar chegar a mais pessoas?

Muitas perguntas, poucas respostas. E será que existe alguma resposta, ou não será simplesmente uma questão de escolha?

Como escolho escrever hoje? Para quem?


Abracinhos:

🌁 A face da fúria

Era dia de semana numa estação no centro da cidade. Um dia azul. Eram quase seis da tarde, ela ia visitar um apartamento pra alugar, alimentava os sonhos mais normativos possíveis. Ia se mudar com o namorado, quarto e sala, chão de madeira. Já pensava no que fazer pra comer quando recebesse amigas pra primeira noite de cerveja na casa. Naquele dia, a sociedade e as cidades faziam sentido, tudo corria bem.

✏️ Escrever também é dor

Escrevo e dói.
Não (só) porque as palavras erem a alma,
Mas também porque
Machuquei o mindinho.

🎧 Camila Sosa Villada - Trava mala

Una charla espectacular con la talentosísima Camila Sosa Villada. Su vida, sus ideas, su historia... y una linda enseñanza para Migue (y para todos nosotros) al final del capítulo.


Estou lendo:

Uma colega viu meu reels sobre o livro Deuses Americanos, de Neil Gaiman, e começamos a conversar sobre esse autor que não cansa de supreender com suas invenções e mundos que mesclam horror e fantasia. Daí ela me emprestou esse livro de contos e poemas do escritor e até agora não decepcionou! São histórias curtas que sempre trazem algo de magia e algo de humano. Desde um conto que mistura Sherlock Holmes com Lovecraft até o relato de um assassino frio e calculista em sua busca por vingança. Pra todos os gostos. Bom, desde que teu gosto seja meio macabro haha!

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