Quem vive em outro país aprende a existir com o coração pela metade
Olá! 👋
Como está sendo teu primeiro mês de 2022?
Pra mim, várias coisas desse novo ano continuam iguais aos anos anteriores. Sinto que estamos presos num loop desde que a pandemia começou. Ainda parece 2020, esse ano eterno que já dura 25 meses e continua se extendendo.
Por outro lado, uma coisa fundamental foi diferente pra mim: pude começar o novo ano no meu cantinho amado, no meu Brasil.
Em 2021 completei 7 anos vivendo fora do Br. Não foi nada planejado, há sete anos atrás eu não imaginaria que o Uruguai terminaria virando meu lar. Mas as coisas foram acontecendo, oportunidades surgiram, vínculos foram criados e eu terminei ficando.
Sabe, o Uru e um país muito bacana. Eu gosto da vida mais pacata de Montevidéu, gosto do verão de tardes eternas, do ventinho que percorre as ruas, do céu que sempre tem as cores mais lindas, das amizades, do espanhol, das caminhadas à beira mar, do mate, dos cafés... Eu gosto da vida que construímos lá e de como esse país me recebeu de braços abertos.
Mas que a saudade do Brasil é grande, ah isso é...
Sinto falta das pessoas mais importantes da minha vida. Sinto falta da comida. Sinto falta do clima. Sinto falta de ir de havaianas a qualquer lugar. Sinto falta do mar quentinho. Sinto falta da diversidade de cores, formas, texturas. Sinto falta das paisagens. Sinto falta de falar em português, escutar em português. Sinto falta das nossas expressões, ditados, da forma como pegamos esse idioma tão pomposo e transformamos em algo só nosso.
Por isso acho que escrever em português sempre vai ser mais natural para mim. Com o português aprendi a amar as histórias e aprendi a escrevê-las. Nossa língua me fez e me fiz dela pra me expressar desde sempre.
Com essa pandemia eterna, passei quase 2 anos longe do Brasil. Foi difícil e frustrante e me partiu o coração. Mas daí lembrei que quem vive em outro país aprende a viver com o coração pela metade, aprende a existir com o pedacinho que levamos conosco e a gerenciar a saudade do pedacinho que ficou do outro lado.
Fico pensando se algum dia esse coração vai ficar inteiro de novo...
Abracinhos:
“São Paulo não existe. É uma cidade diferente pra cada pessoa que habita esse enorme pedaço de chão no sudeste do que é conhecido como Brasil. Não há unidade quando se tem vinte milhões de habitantes — e seguimos contando. É uma amplitude que impede qualquer registro.”
“Eu amo feijão com arroz. Acho que é minha comida favorita. Antes, quando ainda morava no Brasil, não dava tanta bola pra esse prato tão comum. Assim, gostar, sempre gostei. Sempre comia e repetia o arrozinho soltinho da mami, o feijão encorpado da vó.”
“Ano de 2022. A psiquiatra Elisa Amaral grava as sessões de um enigmático paciente — registrado como Paciente 63 — que diz ser um viajante no tempo. Aquilo que começa como sessões terapêuticas de rotina se transforma rapidamente num relato que ameaça as fronteiras do possível e do real.”
Estou lendo:
Vi a série da HBO baseada nesse livro ano passado, depois assisti de novo com minha mãe recentemente e fiquei novamente obcecada por esse thriller/suspense/drama familiar. A história gira em torno do assassinato de uma menina e o desaparecimento de outra em uma pequena cidade dos Estados Unidos onde anos antes a jornalista Camille Preaker cresceu e lidou com a morte da própria irmã. Agora, já adulta, ela retorna à cidade natal para investigar os crimes e curar velhas feridas. Mas termina descobrindo que algumas feridas são impossíveis de curar e que muitas outras coisas macabras acontecem naquela cidadezinha perdida.