Si preferís leer este texto en español, te dejo la traducción aquí.
Oi!
Me fala, da onde você me lê?
Ando reflexiva com o tema lugares, tudo graças ao curso “Todo Es Escrible”, da Aniko Villalba. Conheci essa autora/ilustradora espanhola no Instagram e logo já estava consumindo todos os seus conteúdos. Uma gênia.
No curso, ela dá dicas de como se inspirar com elementos do nosso cotidiano para escrever, junto com técnicas de escrita e muita referência boa. Tá sendo interessante. Vou pela semana 3, e o foco desse módulo são os espaços que habitamos. A Aniko fala muito sobre viagens, já que foi nômade digital por muito tempo e esteve em tantos países que perco a conta! No Substack vocês podem conhecer mais das suas andanças em cartas virtuais que ela publica aqui.
Mas voltando ao curso. Até agora, o tema da semana 3 é o que mais me rendeu! Já escrevi 5 textos com os exercícios da Aniko e um sexto está encaminhado. As reflexões que ela propõe giram em torno da gente realmente parar e observar os lugares em que estamos ou onde estivemos. Os exercícios falam de sair pra rua, andar sem pressa, sentar-se em um banco de praça e simplesmente olhar. Sentir. Absorver o lugar onde nos encontramos e que muitas vezes, na correria do dia a dia, passa completamente despercebido.
Que cores vemos? Que cheiros sentimos? Que texturas podemos tocar? Quais são os sons que nos embalam? Me sinto confortável? Que sentimentos afloram? Do que gosto na paisagem? Do que não?
Com essas perguntas em mente, comecei explorando minha própria casa. Depois, passei um bom tempinho na sacada, estudando a rua em que vivemos. Logo saí, à procura de mais informação sobre meu bairro. Me questionei o que me faz viver aqui, longe do meu país natal. Revivi as decisões que me fizeram escolher chamar Montevidéu de lar.
Também passeei por outros lugares por meio de fotografias e lembranças. Foi como voltar aos destinos que já foram meus lares, por pouco ou muito tempo. Tudo nesse módulo do curso me levou a identificar quais foram as coisas que aprendi em cada lugar por onde passei e como estar aí me mudou. Foi uma viagem interna, com direito a voltar no tempo e relembrar alguns dos momentos mais importantes da minha vida!
Porque sim, cada um dos lugares pelos quais andei teve um impacto em mim. Graças às minhas andanças tomei grandes decisões. Cortei relacionamentos, superei medos, me formei, mudei de carreira, ganhei amigas, troquei sonhos de lugar, me apaixonei. Me entreguei, de corpo e alma, ao que estava vivendo. Me transformei.
Você também sente que teus passos te transformaram? Que os lugares que fizeram parte do teu caminho tiveram um impacto nas suas escolhas?
Será que enquanto lê esse texto, pelo computador numa poltrona confortável em casa ou quem sabe da telinha do celular enquanto viaja de ônibus, você também foi notando as coisas que te moldaram graças aos lugares onde esteve?
Nesses últimos dias encontrei essa frase e tudo fez sentido:
“Me reconoces tú, aire, lleno de los lugares que una vez fueron míos?”, Rainer Maria Rilke
(”Você me reconhece, ar, cheio dos lugares que uma vez foram meus?”, tradução livre)
Eu fui de tantos lugares, assim como eles foram meus. E nesse dar e receber, nos mesclamos. Por isso sinto que carrego dentro de mim resquícios desses destinos. Alguns, marcas profundas. Outros, cicatrizes quase imperceptíveis. Mas que estão aqui, que são parte dessa mistura louca que sou eu, ah, estão.
Parece que o universo manda pra gente as mensagens que precisamos escutar, quando mais precisamos delas.
Espero que esse texto seja uma delas pra você 🙂
Mais leituras que abraçam:
🦘 Salto
“Não olhe pra baixo, olhe pra frente”, ouvi o instrutor dizer quando eu estava à beira da Bloukrans Bridge, prestes a saltar de uma altura de 216 metros. Ele sabia, tanta gente já havia desistido ao mirar o vazio debaixo dos próprios pés. Segui a recomendação e só perguntei: Safe? Ao sinal de sim, me joguei. Um salto de confiança, esperando que aquela corda me puxasse de volta. Um treino para tantos outros saltos que viriam na sequência.
Alguém mais também sente que nessa pandemia começou a filosofar mais do que antes? Eu sinto. Diminuí o ritmo das atividades, me acostumei a ficar mais em casa, e tudo isso me leva a um estado de reflexão exacerbado. Antes, o fazer ganhava do pensar. Agora, enquanto o movimento físico vai mais lento, o mental está com tudo. Até que tá sendo legal esse processo de redescobrir minha capacidade de inventar caraminholas.
Hoje recomeço minha rotina depois de três semanas viajando e estou feliz. Falo daquela felicidade tranquila, segura, suave. Estou de volta em casa e estou em paz. Me sinto contente com simplesmente poder tomar meu chazinho matinal e ler algo bonito antes de começar a trabalhar. Hoje, volto ao mundo real e para isso preciso continuar reordenando a rotina.
Julho foi sobre:
📖 “Mugre rosa”, um livro da autora uruguaia Fernanda Trías. História distópica sobre uma pandemia que assola uma cidade muito parecida com Montevidéu. A protagonista me irritou algumas vezes, mas a trama é interessante e envolvente.
📺 Os vídeos viajeiros do Lethal Crysis. Comecei com a playlist sobre sua experiência no Curdistão e não vejo a hora de conhecer os outros destinos inusitados onde esse criador de conteúdo espanhol já esteve, como Sudão, Antártica, e outros.
🎧 As músicas do grupo uruguaio Mushi Mushi Orquestra. Excelente combustível pra ativar a criatividade!
💟 In love com esse jogo de mesa que descobri numa reunião com amigas: Wavelength. Entretenimento gostosinho e também ajuda a descobrir que tanto conhecemos nossos amigos e vice-versa.
🎨 Apaixonada na estética multicolorida da casa fofinha da Kate Rose Morgan.
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E esses últimos meses, como foram por aí? Me conte nos comentários ou pelo Instagram ou Twitter.
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