Você também filosofa no avião? ✈️
Escrevendo e lendo sobre o que pensamos quando estamos a 2.000 metros do chão
Si preferís leer este texto en español, te dejo la traducción aquí.
Em setembro rompi com meu objetivo de mandar essa newsletter duas vezes por mês e só consegui enviar uma. Mas, como talvez se lembrem da news passada, eu estive viajando em setembro, então desculpa ae! Não deu. Até planejei, até tentei, mas não deu. Viajar tem a tendência de sugar toda a minha energia e atenção, então termino deixando a escrita meio de lado. Fico ocupada demais vivendo. Afinal, como vou ter história pra contar de outro jeito?
Por exemplo, no avião, voltando pra Montevidéu, comecei a refletir sobre coisas diversas e, pra não perder o costume, anotei o que estava pensando no bloco de notas do celular. No final das contas, esses pensamentos aleatórios renderam e decidi compartilhá-los com vocês no email de hoje pra avisar: voltei, gente :D
O botão da calça jeans que machuca. O estômago revolto que lateja. A calcinha que aperta a virilha. O mini assento do avião que me espreme. A companheira do assento ao lado que não para de me dar cotoveladas (aparentemente sem querer, who knows). Os olhos cansados de ler. A cabeça que não quer saber de dormir.
Não encontro posição e os minutos passam l e e e e e e e n t a m e n t e…
Só quero chegar, me afundar no abraço que está me esperando e que sempre consegue juntar meus pedaços e me deixar inteira de novo.
Só quero chegar pra essas dores passassem e darem lugar a outras, mais divertidas.
Está tudo muito lindo com viajar, aproveitar, conhecer lugares novos, estar com pessoas queridas. Mas o ato em si da viagem, o de se locomover do ponto A ao ponto B, acaba comigo, principalmente na volta. Na ida tudo é festa, a expectativa é grande e camufla o desconforto das mil e uma horas no aeroporto, as filas, os espaços minúsculos. Mas na volta, aaaah na volta tudo isso parece pesar muito mais. Além do cansaço acumulado de tantos dias de farra e poucas horas de sono.
O pior de tudo é que os aviões estão cada vez mais caros e menos cômodos. Dessa vez não tinha nem janela na minha fileira, a ilustre número 30.
Acho que tô chegando naquela idade que a gente começa a pensar se não vale a pena gastar um pouco mais e sentar mais na frente. Quem sabe? Imagino como a situação deve melhorar a partir da fileira 20 ou da 15… Enquanto apoio a cabeça na lateral do avião (porque estou no lugar da janela, ainda que não haja janela), sonho acordada com a vida na parte dianteira do avião e torço pro tempo passar mais rápido.
✈️
A melhor coisa de voltar pro Brasil é poder estar com minha família. E a segunda melhor coisa é poder passar horas e horas ouvindo as histórias que mamãe conta.
Gosto de escutar as histórias da minha mãe, os causos da sua infância, as aventuras que viveu, os sonhos que realizou, as brigas nas quais se meteu - ela, que nem gosta de uma briguinha…
Ela fala e eu imagino a menina moleca de cabelo arrepiado, a adolescente rebelde projeto de sindicalista, a jovem mulher cheia de vontade, a professora novata, a mãe de primeira viagem, a companheira irredutível, a amiga leal.
Ela fala e os anos passam enquanto escuto e imagino todas as transformações que viveu, todas essas versões dela que não tive o privilégio de conhecer.
Gosto de escutar as histórias da minha mãe. Algumas já ouvi mil vezes, outras são relatos inéditos. Com cada um deles me apaixono de novo e de novo pela mulher mais fantástica que já conheci.
Como não me tornaria contadora de histórias convivendo com uma musa inspiradora como essa?
✈️
Há momentos em que minha necessidade de fazer mil e uma coisas por vez fica claríssima. Um desses momentos é agora. Estou presa no assento do avião, entediada de ler, escutar música e sem conseguir fazer a app de entretenimento da empresa áerea funcionar no meu celular. Cansei da brincadeira, quanto tempo falta pra chegar em Montevidéu? Pelo menos uns 45 minutos, percebo quando olho o relógio e suspiro. Vou ter que continuar divagando por mais um tempinho.
Quem vê pensa que o vôo de SP a MVD dura tanto tempo assim. Que nada, são só umas duas horas e meia, no máximo. Mas quando não sei o que fazer ou as opções de atividade não me agradam, começo a sentir um comichão. A ansiedade vai crescendo e incomodando, gera coceiras em lugares difíceis de chegar, traz pensamentos sombrios difíceis de iluminar. Me sinto presa e sei que se não começar a relaxar até a respiração vai se tornar mais complicada.
O último que falta é eu ter uma crise de ansiedade aqui nesse avião, né? Pelo amor…
Pego o celular novamente, mas abro um aplicativo diferente dessa vez: o bloco de notas. Me lembrei que pros momentos complicados sempre posso voltar à escrita, minha querida escrita, que deixei meio abandonada desde a última vez que estive nesse avião. Ela, magnânima, sempre me perdoa e me recebe de braços abertos. E ainda que eu não seja fã de escrever com o mini teclado e telinha do celular, sinto um alívio gostoso ao registrar essas ideias malucas.
Voar pode não ser minha atividade favorita, mas escrever com certeza é. Então mergulho nas palavras, memórias e ideias. Quando dou por mim, o piloto já está avisando que o pouso está próximo.
Talvez escrever seja a ferramenta de viagem no tempo que eu sempre busquei!
Mais leituras que abraçam:
😖 O que acontece depois de reconhecer o problema?
Esses são meus gatilhos, ações que ativam minha ansiedade ou são ativados por ela, sei lá. Algumas pessoas diriam que ter esses gatilhos identificados é algo muito positivo. Reconhecer o problema é sempre o primeiro passo, não é? Porém, ultimamente só consigo sentir frustração.
🚗 Um estudioso dos Ubers
— Senhor, qual é o modelo mesmo desse seu carro?
— Ah! É um Sport Cientra X! Versão nooovaaaa!
— É automático?
— É sim! Mas nunca deu problema!
🛫 Andar de avião
Se você parar pra pensar, aviões são como portais que nos conectam com novas aventuras ou, no meu caso, com o meu país de origem e os pedaços de coração que deixei lá. Você entra em um avião e, poucas ou muitas horas depois, sai pra encontrar uma nova paisagem, um novo clima, novos rostos, novos idiomas… Mágico, não é?
🗾 El lado Ce de los viajes por
Este fue uno de los viajes más especiales que hice. Y, si bien quiero contarte muchas cosas, también quiero guardarme otras para Ce y para mí. Además, como al viajar con un bebé la cronología se altera de maneras inesperadas, no sé muy bien por dónde empezar.
Setembro foi sobre:
💙 Brasil, São Paulo, Rio, minhas cidades maravilhosas e tão queridas. Bati muita perna, vi muita gente querida, muitos planos e alegrias!
📕 Inclusive estive na Bienal do Livro de São Paulo com meu último livro, “Mulheres que não eram somente vítimas”. Acreditam que foi um dos mais vendidos da editora Folheando no evento? Tô podendo!
🕯️ No Rio um dos pontos altos foi ir a um concerto Candlelight, coisa mais linda! Já foram em algum? Deixo o link onde sempre publicam próximos eventos, é um passeio excelente.
📺 Comecei Blogueirinha, A Feia, essa novela que é um surto delicioso. Pra quem é fã da galera da DiaTV, não dá pra perder!
📕 Li vários livros que mexeram comigo ultimamente. “Você, colônia” da Beatriz Leal Craveiro foi plot twist atrás de plot twist. E retornei à minha querida Elizabeth Gilbert com “Committed”, a continuação de Comer, Rezar, Amar. Interessantíssimo!
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