Por que você faz o que faz?
Escrevendo e lendo sobre escrita e nossas razões para fazer (ou não) o que amamos
Si preferís leer este texto en español, te dejo la traducción aquí.
Você já parou para pensar por que faz o que faz?
Pode ser o seu trabalho, um emprendimento, um projeto paralelo, etc. Você faz isso por que ama? Por que precisa? Por que sim?
Que razões têm para fazê-lo?
Sempre me faço essa pergunta sobre a escrita. A lista de motivos pelas quais escrevo muda aqui e ali com o tempo, mas no geral a essência do que me leva a escrever é a mesma há anos:
Escrevo porque isso me ajuda a me sentir melhor. Quando escrevo consigo organizar o que estou sentido, dar nome às minhas emoções, dissecá-las. Entendê-las. A partir desse entendimento, fica mais fácil saber o que fazer com o que estou sentindo.
Porque é mais simples escrever do que falar. É a forma mais confortável que tenho para me expressar.
Porque tenho vontade de imortalizar as ideias malucas que invento. Passá-las da minha mente ao papel é garantir que não vou me esquecer delas. Quero registrá-las para a posteridade!
Porque quando compartilho o que escrevo com outras pessoas, é boa demais a sensação de me conectar com elas. De ver nelas uma reação frente ao que estão lendo, de pensar que consigo tocá-las de alguma forma. E ajudá-las. Lembro de relatos de pessoas que leram meus textos e seus comentários ou mensagens sempre me tocam, porque percebo que ficaram agradecidas, alegres, emocionadas ou, simplesmente, menos sozinhas.
Embora essas motivações me ajudem a manter o hábito da escrita firme e forte no meu dia a dia, também tenho momentos nos quais não quero saber de escrever. De tempos em tempos sinto um vazio, uma falta de vontade, algo que me afasta dessa atividade que tanto prezo.
Descobri que de vez em quando encontro razões para não fazer algo que amo.
Não escrevo porque dá preguiça. Escrever implica trabalho. Insistir, dia após dia, em sentar o bumbum na cadeira e work bitch. Com ou sem musa inspiradora pra ajudar. Escrever é jogar várias folhas fora ou apagar frases inteiras pra recomeçar, mesmo que seja pela décima vez.
Porque ao entrar em contato com minhas emoções, especialmente as mais cinzentas, dói. Às vezes não tenho vontade de colocar o dedo na ferida.
Porque às vezes quero fingir que não preciso da escrita, que posso lidar com meus problemas sem essa ferramenta, só eu e meu pensar. Spoiler alert: quase nunca dá certo.
Porque não dá tempo. Porque entro na loucura da vida adulta, do constante fazer, dos boletos pra pagar, das coisas pra comprar, e me sinto tão cansada que não consigo nem pensar em pegar a caneta. Só quero dormir.
Acho importante ter boas razões para fazer algo, especialmente se esse algo ocupa um grande espaço em nossas vidas. Não precisam ser razões que façam sentido pra todo mundo - desde que façam sentido pra você está valendo!
Mas também aprendi que está tudo bem guardar na manga alguns motivos para dar um tempo de vez em quando. Aceitar que às vezes não vou querer escrever é entender que meus tempos e necessidades também podem mudar. É aceitar que a escrita sempre vai ser uma parte de mim, mas às vezes preciso priorizar outras coisas. Outros porquês.
Quais são os seus?
Mais leituras que abraçam:
✍️ Pedra de rim
Escrever me tira a paz, consome meus pensamentos, me faz suar como uma geladeira velha. Escrever não liberta meus demônios, ao contrário, convida todos para tomar café com biscoito. Não é tarefa simples reunir ideias e costurar com sentido. Escrever e ter que escrever me incomoda. Não se trata de dor, mas de uma ardência que começa antes mesmo do embate com as palavras. Veja que frase escrota!
Nossos gostos fazem de nós quem somos, ou será que são as pessoas de quem a gente gosta que nos moldam? Ou as duas coisas? Sei lá. Só sei que gosto de fazer perguntas, filosofar no Medium ou no boteco, e me surpreender com outras perspectivas. Porque se tem uma coisa que eu gosto é de quem gosta de coisas diversas.
Por isso escolhi ler O perigo de estar lúcida. Ele é um documento que fala sobre a criação literária e sua natureza solitária, que pode levar os escritores à loucura. Ou será que é a loucura que nos leva para a literatura?
Fevereiro foi sobre:
📖 Terminei a trilogia fantástica The Scholomance, da autora Naomi Novik. Uma história sobre mundos mágicos com uma protagonista bastante esquentadinha que tem o poder de salvar (ou destruir) o mundo. Muito bom!
👭 Com uma colega autora de Argentina começamos um grupo para escritoras de língua espanhola. O grupo no whatsapp vai crescendo e estamos organizando os primeiros bate-papos para nos conhecer e intercambiar ideias. Se quiser participar, é só me dar um alô!
🌱 Estive em São Paulo há pouco e conheci uns restaurantes veggies que são tudo de bom: São Saruê de comida típica nordestina e Sushi Vegano SP praquele sushizinho deli.
📺 Todo mundo tá falando nela, a ganhadora do Oscar de melhor atriz Emma Stone por Pobres Criaturas. Vi o filme no cinema e fiquei maravilhada com o mundo fantástico de Bella Baxter. Recomendadíssimo.
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E você, já leu ”Mulheres que não eram somente vítimas”?
Que texto maravilhoso, amei esse pensamento: "Acho importante ter boas razões para fazer algo, especialmente se esse algo ocupa um grande espaço em nossas vidas. Não precisam ser razões que façam sentido pra todo mundo - desde que façam sentido pra você está valendo"!