Podés leer ese texto en español aquí.
Há alguns dias venho trabalhando em um vídeo para falar do meu top 5 de livros preferidos de 2024. Não foi nada fácil chegar a esse número tão reduzido, mas que foi interessante rever minhas leituras e refletir sobre os pontos que as fizeram especiais, ah isso foi.
Estamos nessa época em que tudo é sobre avaliar o ano que se termina, mas acho que também é importante olhar pra frente e traçar planos para 2025: o que quero ler nesse ano que está quase começando?
Lá no GoodReads eu sempre anoto livros que acho interessante na minha lista de “to-read”, mas já são tantos que muitas vezes até me esqueço do coloquei lá. Hoje decidi repassar a listinha e anotar aquelas histórias que não quero deixar de descobrir em 2025.
Pequenas Ausências é um ensaio sobre um tipo de perda particularmente dolorosa: o luto pelos animais de companhia. A partir da despedida de Floqui, sua coelha de estimação, Dayanne Dockhorn escreve cartas que expressam o que permanece após uma perda repentina — as pequenas ausências sentidas no dia a dia.
É a proximidade da morte que a faz refletir sobre a vida e logo notar o silêncio que envolve o luto pelos animais de estimação, apesar do gradual protagonismo que eles têm recebido na nossa vida. Em uma narrativa breve, delicada e sensível, a autora lança um olhar único sobre um tema universal.
.
Mais do que um desejo, essa leitura é uma realidade esperando acontecer. Comprei o livro da Day na pré-venda e ele está me esperando lá em São Paulo - assim que for pro Brasil, ele será todinho meu! A Day é uma companheira de jornada que a escrita independente me deu e seu primeiro livro é um primor. Histórias sobre luto sempre me interessam, mas acho que esse será meu primeiro livro sobre lidar com a perda dos pets.
Acompanhei a história da coelhinha da Day pelo Instagram e me senti muito tocada como alguém que também já sofreu esse tipo de perda. Ver a escritora ressignificar essa dor e transformá-la em algo tão inspirador foi maravilhoso! Certeza que esse não era o livro que a Day imaginou que escreveria, mas sem dúvida foi o livro que ela precisava escrever. Afinal, para pessoas como nós não há nada melhor que a escrita pra lidar com o sofrimento.
Homens Sem Mulheres, Haruki Murakami
O que têm em comum os Beatles, Hemingway, François Truffaut, Woody Allen, Tchékhov, um rapaz chamado Gregor Samsa, um médico doente de amor e o dono de um bar de jazz? Haruki Murakami, pois claro. São sete os contos que dão forma ao mais recente livro: Homens sem Mulheres. Sete homens desencantados e a contas com a solidão. Sete histórias de solidão, mágoa e luto que desafiam os lugares- -comuns sobre o amor. Sete maneiras de traduzir a mesma melancolia, enquanto lá fora «a chuva continua a cair, provocando no mundo inteiro um interminável calafrio». Mas não se deixem enganar: este livro está repleto de mulheres: desejadas, sonhadas, traídas, ouvidas, invocadas, incompreendidas, sobrevalorizadas, eternamente amadas e perdidas para sempre. Um dia, o leitor corre o risco de se transformar num homem sem mulheres. Depois não digam que não avisámos.
.
Já faz um tempinho que não leio Murakami e acho que está na hora de retornar. Eu gosto de fazer umas pausas entre cada livro dele que leio, porque a escrita desse autor japonês é tão singular que minha cuca precisa de um descansinho entre história e história. Gosto das visões de mundo que o Murakami apresenta em seus livros, gosto da sua confusão e profusão de detalhes, sinto que não só leio, mas também escuto, vejo, enfim, utilizo todos os meus sentidos pra embarcar em suas histórias. No caso desse livro, além de ter sido recomendado por uma amiga leitora com faro excelente pra boas tramas, também achei interessante a proposta de conhecer contos escritos pelo autor, já que até agora só tinha lido suas novelas.
Ainda Estou Aqui, Marcelo Rubens Paiva
Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.
Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.
.
Claro que como o resto dos brasileiros e brasileiras estou no maior hype com essa obra. Ver o filme se consagrar no mundo todo e sonhar com a nossa incrível Fernanda Torres trazendo o Oscar pra casa tá sendo mais divertido que qualquer Copa do Mundo! Ainda não vi o filme, outra dívida que espero pagar em 2025, mas sem dúvida quero ler o livro que inspirou o longa.
Além da atração que sinto por qualquer história que retrata a coragem nos tempos terríveis da ditadura brasileira, também sinto um carinho mais que especial pelo Marcelo Rubens Paiva, que foi um escritor muito significativo durante minha adolescência. Li primeiro o seu renomado Feliz Ano Velho e logo em seguida Blecaute e lembro de pensar como era possível alguém criar livros com estilos tão diferentes e ambos tão incríveis! O Marcelo foi um dos muitos escritores que conheci e que me marcou por sua forma de compartilhar relatos da sua vida de uma forma poética, algo que desde então se tornou também um dos meus objetivos como escritora.
Cometerra, Dolores Reyes
Literatura é uma história bem contada, certamente, mas pode ser muito mais: retrato de uma realidade, um grito de basta, uma denúncia, um pedido de socorro. Dolores Reyes, ao escrever este livro, fez tudo isso e muito mais. Com a habilidade dos narradores tecelões, a escritora conta a história da menina que, ao comer terra, tem visões extraordinárias, revelando segredos demasiadamente humanos. Em suas visões, ela retrata os subúrbios da América Latina (e do mundo inteiro), e as dores e violências sofridas por suas mulheres. Mas como a literatura é uma arte muito milagrosa, faz isso com invenção e graça renovadas, contando a novidade do que está consagrado, e a necessidade de nos reinventar, de fazermos justiça e de estarmos atentos.
.
Atualmente várias das minhas autoras contemporâneas preferidas são argentinas e tenho a sensação de que Dolores Reyes tem tudo pra ganhar meu coração. Vi recomendações desse livro por vários lados em 2024 e sinto que será uma boa opção pra seguir aumentando meu repertório de escritoras latinoamericanas que falam sobre mulheres latinoamericanas - nós por nós mesmas.
Algo que chamou a minha atenção para essa obra é um pedacinho da descrição em espanhol no GoodReads: “...una primera novela terrible y luminosa, lírica, dulce y brutal…” (”uma primeira novela terrível e luminosa, lírica, doce e brutal”, tradução livre). A combinação dessas características contraditórias, a forma como o livro de Dolores não pode ser colocado num gênero único, foi o que terminou de me convencer que preciso conhecê-lo. A história promete surpresas e emoções diversas - tô dentro!
Os Meus Dias na Livraria Morisaki, Satoshi Yagisawa
Esta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração. Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.
Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.
É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão.
.
Quando a gente começa a ler livros de autores orientais é impossível não ficar viciada! Nos últimos anos venho conhecendo mais autores e autoras japonesas, coreanas, entre outras nacionalidades lá do outro lado do planeta, e tem sido incrível sair das estruturas ocidentais e conhecer outras formas de ver e contar o mundo.
Esse livrinho tem me perseguido nas vitrines das livrarias pelas que passo. Inclusive o primeiro livro de Yagisawa que vi nem era esse, mas sim o livro número 2, já que se trata de uma duologia. Claramente vamos começar pelo primeiro e veremos que tal!
Esses são cinco livros que decidi colocar como meta, mas com certeza quero ler muito mais que isso em 2025. Quero retomar autores e autoras que adoro, quero conhecer novas escritas, quero ler em português e em outros idiomas também, quero ler terror, romance, mistério, quadrinhos, drama, livros curtos, livros longos… Quero ler. Amo ler, amo a pessoa que me torno com cada livro que conheço.
Por isso, espero as suas sugestões de leituras! Que livro leu em 2024 e quer me recomendar? Que livro ainda não leu, mas também está na sua listinha 2025? Compartilhem seus livros lidos e por ler, e inclusive os livros que escreveram. Nada melhor que boas recomendações de leitura pra começar o ano com o pé direito 🙂
Feliz 2025!
“It’s funny. No matter where you go, or how many books you read, you still know nothing, you haven’t seen anything. And that’s life.” (“É engraçado. Não importa aonde você vá, ou quantos livros tenha lido, você ainda não sabe nada, ainda não viu nada. E isso é a vida”, trad. livre)
Satoshi Yagisawa, Os Meus Dias na Livraria Morisaki
ai que legal, já coloquei dois na minha lista de desejos aqui pra quando pintar alguma promoção, Murakami eu acho que comecei pelo livro errado, li aquele caminho do artista ou algo assim, o dele sobre escrita, e não curti
Ele passa a maior parte do livro se defendendo de coisas que ele diz não ligar, imagine se ligasse hehehe. Mas tenho interesse em um dia ler alguma obra de ficção dele? Tem alguma pra recomendar?
Obrigada, Regi, por colocar o Pequenas Ausências na sua lista! Que honra e que prazer será ser lida por você. ❤️✨️