Podés leer ese texto en español aquí.
Outro dia fiz um vídeo mostrando livros curtos que tenho aqui em casa e que li em menos de um dia. Importante dizer que ler não é sobre velocidade, e sim sobre desfrute. Aproveitar cada palavra, cada ideia, cada pensamento, surpresa e emoção, no seu tempo, no tempo que for. Acredito mesmo nisso.
Também é verdade que existem alguns livrinhos que podem ser apresentados assim, no diminutivo, por suas dimensões mais piquiticas e de pequena extensão. Porém, somente no tamanho podem ser considerados menores, já que em outros aspectos são verdadeiros livrões: histórias que acabam rápido, mas que deixam uma marca profunda.
A leitura dessas obras pode durar somente um dia, mas o conteúdo vai ficar reverberando em você por semanas - eu te garanto!
“Pequeno manual antirracista”, Djamila Ribeiro
O racismo é uma batalha coletiva e esse livro traz ações concretas e práticas sobre como podemos ser parte da luta. De forma clara e direta, a autora nos mostra a importância de entender o racismo, as problemáticas que gera para uma parte da população e os privilégios que proporciona para outra. Além de dar uma aula sobre o conceito, o livro lista formas como cada indivíduo pode fazer a sua parte apoiando políticas e organizações, se manifestando em sua comunidade, dando lugar a vozes negras, mudando seus atos para mudar o seu entorno.
Como pessoa branca, foi uma leitura que me deixou envergonhada e irritada na mesma medida, comigo mesma, com o mundo, com geral! Mas é um livro que te convida a sair da inércia e não ficar só na indignação, e sim usá-la como combustível para fazer. Reconhecendo meu lugar de privilégio dentro dessa sociedade, senti que me deu ferramentas para me expressar, para aprender e para colaborar com um movimento do qual também quero ser parte.
“Notas sobre o luto”, Chimamanda Ngozi Adichie
Já falei sobre esse livro em uma news passada. Há livros que gosto de reler sempre que passo por uma situação específica e esse é um deles. Em “Notas sobre o luto” Chimamanda fala sobre a perda do seu pai e todos os estágios de dor pelos quais ela passou. É uma homenagem a esse homem que era um dos seus heróis, mas também é um relato sobre o luto com o qual todos e todas que já passaram por ele podem se relacionar. Me reconheci nas emoções que a autora transmite: raiva, tristeza, desespero, dúvida, nostalgia.
Quando perdemos alguém que amamos uma das coisas mais fortes que sentimos é solidão. A morte daquela pessoa cria um vazio imenso em nosso peito e a sensação é a de que nunca mais ninguém vai poder nos ver como aquela pessoa nos via; em certo sentido, estaremos sozinhos naquela relação que agora é unidirecional. Ao ler um livro como esse, me senti menos só. Percebi o quanto o luto também nos aproxima dos demais, dos que ficam e que estão passando pela mesma dor que eu. É uma leitura difícil, mas também acolhedora.
“Delirias de viaje - episodios murcianos”, Maria Daniela Latorre ( no Subs)
Relatos de viagem são das leituras que mais me inspiram e as histórias da Danie, em particular, são sempre uma gostosura de ler. Nesse livro, a autora traz diferentes histórias sobre o tempo que passou em Murcia. São contos, poemas e ilustrações que nos levam a passear pelas ruas da cidade espanhola e interagir com suas paisagens, pessoas e particularidades. Ao mesmo tempo que conhecemos mais sobre o destino de Danie, também nos emaranhamos em seus pensamentos e emoções, em sua vida de viajeira e os altos e baixos de sua jornada.
Os causos de viagens de Danie são mais do que depoimentos de uma turista conhecendo um lugar novo; a autora se mimetiza com os locais, quer descobrir a verdade sobre viver ali, quer sentir aquele lugar como próprio. Mais do que ficar na superfície de uma viagem, Danie mergulha de cabeça em seus destinos e nos conta suas vivências com emoção e admiração sobre tudo que aprende sobre o lugar em si e sobre ela mesma. É um livro que desperta a vontade de viajar e viver episódios únicos também.
“La mujer gorda”, Jimena Márquez
O mundo pode ser um lugar terrível, especialmente para aqueles que não se encaixam nos padrões da sociedade. Como mulher gorda, Jimena decidiu escrever desde seu ponto de vista sobre como os outros a enxergam e a tratam, muitas vezes priorizando a visão que têm de seu corpo e se esquecendo do ser humano que o habita. O livro está formado por poemas que nos invadem e incomodam porque deixam escancarada a dor de quem não cumpre com as regras impostas e sofre as consequências disso. Delicadas ilustrações complementam as palavras.
A leitura tocou fundo como acho que tocaria qualquer mulher, já que somos as mais afetadas por todas essas expectativas irreais de beleza. Tenho certeza que muitas (se não todas) de nós se reconheceria nos versos de Jimena e na dor de ser xingadas, humilhadas, ignoradas ou desprezadas porque nossos corpos deixam a desejar. “La mujer gorda” fala dessa mulher considerada falha que, no fundo, é a mulher que somos todas nós para um mundo que não acredita que ninguém seja perfeita.
Alguns livrinhos mais que não estão no texto, mas que levo no coração:
“Querida Ijeawele, Como educar para o feminismo”, Chimamanda Ngozi Adichie
“AmoreZ”, Regiane Folter (aquele momento de autopromoção :P)
Quais são os seus livrinhos preferidos? Comente com sugestões de leitura desse tipo: velozes e maravilhosas 🙂
Adorei as dicas, amiga. Gosto de pegar esses livros curtinhos num domingo. Dá uma sensação muito gostosa ler numa tacada só! ❤️
Eu incluiria o seu na lista com certeza!! Amei ler.
Mas tu acredita que tem tempo que não leio um livro de uma sentada só? Com o tempo fui ficando mais devagar nas leituras. Livros que eu poderia ler em menos tempo, tenho estendido mais o prazo para finalizar.
Um beijo, amiga.