Podés leer ese texto en español aquí.
“Pequenas Ausências” é o primeiro livro de uma querida colega que conheci nesse mundo da escrita independente.
(que também está aqui no Substack lançando coisa nova!) começou a escrever esse livro sem saber que seria um livro, ou pelo menos é o que eu acho. Os primeiros textos que um dia se tornariam parte de “Pequenas Ausências” foram publicados pela autora no Instagram como uma forma de desabafo e cada um deles me tocou lá no fundo da alma. Porque esse livro fala sobre o luto, especificamente o luto pelos animais de companhia. E me atrevo a dizer que não há uma pessoa no mundo que ama ou já amou um pet que não vai se emocionar com essa história.“Querida Floqui,
Sem você para espalhar feno por todos os cantos, a casa fica arrumada.
Eu preferia a bagunça.”
Pequenas Ausências é um ensaio sobre um tipo de perda particularmente o luto pelos animais de companhia. A partir da despedida de Floqui, sua coelha de estimação, Dayanne Dockhorn escreve cartas que expressam o que permanece após uma perda repentina — as pequenas ausências sentidas no dia a dia. É a proximidade da morte que a faz refletir sobre a vida e logo notar o silêncio que envolve o luto pelos animais de estimação, apesar do gradual protagonismo que eles têm recebido na nossa vida. Em uma narrativa breve, delicada e sensível, a autora lança um olhar único sobre um tema universal.
Por que ler “Pequenas Ausências”?
A história narra os dias depois que Dayanne e seu companheiro perdem sua coelhinha de estimação, Floqui. No começo, vamos descobrindo como foram os dias prévios ao final e toda a incerteza, a esperança e a dor de ver aquele serzinho que era parte da família sofrendo. Logo, Day vai contando como os dias depois da perda se arrastam, como ela sente a presença de Floqui em todos os lugares, como ela volta a se despedaçar cada vez que percebe que ela não está lá.
Cada texto do livro é uma carta que Day dedica à Floqui. Cada carta, um desabafo. No início, as cartas são diárias, demonstrando como a autora estava ávida por dar vazão a tudo que sentia a partir da perda da sua coelhinha. Com o passar do tempo, as cartas se tornam mais esporádicas. Ainda dói, mas dói diferente e a escritora representa isso muito bem nos textos que vão mostrando que a ferida talvez nunca desapareça, mas com certeza cicatriza.
Um dos pontos mais interessantes do livro é o questionamento que a autora faz sobre a vergonha muitas vezes associada a esse tipo de perda. A sociedade no geral aceita o luto que sentimos com a morte de seres humanos, mas essa mesma tolerância muitas vezes não é aplicada se o luto vem da perda de um pet. Parece que o mundo espera que a gente supere mais rapidamente a morte de um cachorro, gato, coelho ou o bichinho que for. Mas por que, se na realidade esses vinculos podem ser tão significativos como qualquer outro? Luto é luto e ao mesmo tempo que o livro da Day gira ao redor da perda de animais de companhia, ele também fala sobre a morte no geral e a dor que ela nos obriga a carregar.
O projeto gráfico de “Pequenas Ausências” também é uma beleza. A ilustração da capa, as cores, a forma delicada como cada carta está organizada enche os olhos e gera um calorzinho no coração. Dá pra ver que esse foi um primeiro livro feito com muito amor, uma verdadeira homenagem pra Floqui e pra todos esses pets que fazem do nosso mundo um lugar mais amoroso e feliz.
Por que não ler?
Ler o livro da Day me fez viajar no tempo e lembrar de todos os pets que foram parte da minha família. Desde que tenho memória tivemos cachorros em casa. Logo, já adulta, eu entrei no mundo dos gatos e nunca me arrependi. Foi gostoso e nostálgico lembrar desses peludos que estiveram aqui comigo em distintos momentos. Mas também doloroso. Infelizmente, boa parte dos pets que passaram pelo meu caminho já não estão mais aqui e reviver essas perdas tem o seu lado ruim.
Se você tiver passado por uma perda recente ou se o seu luto estiver muito difícil de navegar, pense bem se esse é o momento certo de ler “Pequenas Ausências”. Pode ser o abraço que você está precisando ou talvez seja melhor esperar um tempinho pro machucado se curar um pouco mais.
Mais sobre o livro e a autora:
No site da Dayanne você conhece mais sobre seu trabalho e já pode reservar o seu “Pequenas Ausências”
Outra resenha sobre “Pequenas Ausências” aqui
“Com todas as forças de minhas memórias, tento recorrer às físicas: a última vez que você me olhou nos olhos, a última vez que te segurei. Às vezes, paro o que estou fazendo e me lembro do que você significou para mim enquanto vivemos juntas. Isso não é bobagem, pois é eterno - sequer é memória, apenas. Na minha vida, você fez o sol. E eu espero ter sido algo brilhante para você também.”
Livro lindo e emocionante!
Perder um pet é dolorido pra caramba também! Mas as pessoas têm esse hábito horrível de hierarqueizar as dores...
Deve ser um livro lindo!