Si preferís leer este texto en español, te dejo la traducción aquí.
Outro dia vi esse vídeo e chorei. Chorei porque me reconheci em cada uma das palavras da oradora, a autora de “Comer Rezar Amar”, Elizabeth Gilbert. Me emocionei porque me lembrei de todas as vezes que travei uma batalha interna como a que ela menciona, todas as vezes que me perguntei se seria capaz de escrever outro livro. Se poderia criar algo melhor do que já criei. Se seria suficientemente boa pra escrever outro texto que gerasse mais likes que o anterior. Se o meu ápice já ficou pra trás. Se tudo que fiz até hoje já foi o meu melhor e daqui pra frente é só ladeira abaixo.
Nem tudo foi por tristeza. Também chorei porque recordei das vezes que senti que estava criando algo que me deixaria orgulhosa. As poucas e brilhantes vezes que terminei um texto e senti que o que tinha feito era bom. BOM com letra maiúscula. Momentos nos quais nós, artistas, sentimos que realmente demos nosso nome. Aqueles momentos em que nos sentimos realmente artistas.
Chorei porque dizer que sou escritora é algo que me faz bem, mas que também me assusta. Porque não sei se realmente mereço o título. Porque não sei se o melhor livro que possa criar já foi escrito.
O que farei então pelas décadas de vida e trabalho que ainda me restam se o melhor que fiz já ficou pra trás?
Na primeira vez que vi esse vídeo, eu era mais jovem. Sonhava em ser escritora, tinha grandes metas e planos, mas eles eram somente isso naquele momento: metas e planos. Não eram reais e, por isso mesmo, eram perfeitos. Eram sonhos, longe da realidade e sua mania de deixar as coisas mais humanas. Mais passíveis de falhas e críticas.
Hoje, assisto esse vídeo como uma pessoa distinta. Hoje, já alcancei algumas dessas metas que sonhava de mais jovem. Publiquei livros. Encontrei espaços para escrever e compartilhar com os demais. Descobri mais sobre minha voz e tracei novas metas, novos planos, maiores e mais ambiciosos. Hoje assisto esse vídeo como alguém que também se pergunta se será criativa o suficiente pra entregar algo melhor do que entrego hoje. Se terei o que é necessário pra ir mais longe.
Você também tem essas dúvidas? Você que também cria, talvez histórias como eu ou outros tipos de inventos, você se pergunta se é suficiente?
Você também associa seu valor à sua capacidade de continuar criando?
No final do vídeo, não senti que tinha descoberto a cura pras minhas inseguranças. Somente chorei e foi bom, aliviou um pouco escutar essa oradora maravilhosa e saber que até mesmo pessoas do calibre dela têm essas mesmas dúvidas. O que sim fiz foi prometer a mim mesma que preciso me tratar com mais carinho. Entender meus tempos, meus processos. Ter paciência com a minha criatividade e tentar visualizá-la mais como uma musa, uma espécie de ser divino que às vezes me permite aproximar-me e às vezes não. Como a autora bem diz no vídeo,
"...as inspiration often comes, elusive and tantalizing...” (tradução livre: “...como a inspiração geralmente vem, evasiva e tentadora...”)
é preciso aceitar que cada fazer artístico é um processo que o/a artista define. E é preciso encontrar mecanismos de lidar com a nossa arte de uma forma mais saudável. Desassociar nosso valor como seres humanos da nossa capacidade de criar coisas fantásticas e ligá-lo mais à nossa capacidade de seguir em frente, dia após dia, texto atrás de texto, tentando canalizar toda essa energia e esforço em fazer do mundo um lugar um pouco mais belo.
Talvez, como dizem as artistas
e nesses quadrinhos, a arte está mais na jornada que percorremos e não tanto no que encontramos no final:“A arte está no processo de contornarmos nossas próprias limitações. É o que a torna tão poderosa”.
Mais leituras que abraçam:
🎨 Sou artista
Eu me considero uma artista. Bom, mais ou menos… Quero dizer, eu escrevo. Sei que a literatura é um tipo de arte, inclusive classificada como a quinta arte clássica segundo alguns. No entanto, não consigo evitar pensar que os verdadeiros artistas são aqueles que sabem cantar, tocar um instrumento, pintar. Coisas assim, digamos, mais vistosas, talvez?
🛣️ Recalculando a rota
Peguei a estrada com vários planos em mente. No meio do caminho, consultava o mapa e revisava a rota, sempre fazendo planos para chegar ao destino. Aos quinze, os planos eram ter sucesso; aos vinte, me vi mais perdida do que aos quinze, pois a rota estava errada.
👐 7 formas de ajudar seus amigos artistas
A vida de quem tá no corre criativo não é fácil, mas sem dúvidas fica melhor com uma rede de apoio. Se interessar, fazer pontes, se manter por perto em momentos difíceis: são muitas as formas de somarmos com nossos amigos artistas ao longo de suas trajetórias.
Julho foi sobre:
📣 Começar esse curso de criação de conteúdo para as redes sociais da Luciana Castro. Pra quem já tem uma base de trabalho com redes não é que traiga coisas práticas novas, mas as referências citadas pela profe e o seu próprio trabalho que ela usa como exemplo são bem interessantes.
✍️ Escrever graças à ajuda de livros que nos inspiram a colocar a caneta no papel. Falei sobre eles na news anterior e também em vídeos no Instagram e tiktok.
🥇 Ficar vidrada nas Olímpiadas e acompanhar tudo de pertinho com a cobertura mara do Time Brasil no Instagram.
👩🎤 Escutar Chappell Roan - “your favorite artist’s favorite artist” - no repeat. Esse novo pop descarado e dançante é bom demais.
📺 Maratonar Unsolved Mysteries na Netflix. Boa opção pra quem gosta de true crime e até mesmo acontecimentos sobrenaturais que ninguém consegue explicar.
🥁 Aviso importante! 🥁
Em setembro vou estar na Bienal do Livro de São Paulo com a editora Folheando! Vamos estar no estande da Livraria Diversa com várias editoras e escritores independentes. Quem tiver planos de ir na Bienal não deixe de passar por lá e prestigiar o trabalho de autores e autoras mais que talentosos.
Eu vou estar por lá no domingo dia 15 de setembro das 11h às 12h pra bater um papinho e autografar meu livro “Mulheres que não eram somente vítimas” :)
a gente que escreve está sempre sentindo falta de algo pra mostrar, né? será que é isso?
adorei as reflexões, me vi em várias delas :)
Que reflexão poderosa!